O transplante renal é o procedimento em que uma pessoa recebe um rim doado de outra pessoa, para que esse novo órgão possa cumprir as funções que os seus rins naturais já não estão mais realizando.
Ao contrário do que muitos podem acreditar, no transplante renal não é feita a retirada do rim doente para que o outro doado possa ocupar o seu lugar. Geralmente é possível manter os rins da pessoa e ela recebe um novo, assim, em vez de dois órgãos passa a ter três. Entretanto, se os rins estiverem causando algum prejuízo ou infecção, eles podem ser removidos.
Existem duas formas de fazer um transplante renal: por meio da doação proveniente de um cadáver ou de uma pessoa viva.
Para receber o órgão de um doador cadáver é preciso que a pessoa que necessita do novo rim esteja cadastrada na fila de espera do transplante renal. Lembrando que não são todos os rins disponíveis que podem ser doados para qualquer pessoa. É necessário que haja compatibilidade entre o doador e o receptor, para minimizar os riscos de rejeição do órgão.
A doação de rim por parte de uma pessoa viva também é possível e ajuda a evitar a necessidade de se manter na fila de espera. O receptor pode receber o rim de uma pessoa que seja seu parente ou não.
Entretanto, é preciso ter uma autorização judicial, quando o doador não é um parente, para fazer esse tipo de transplante, uma vez que a doação deve acontecer de forma espontânea e o doador não pode receber qualquer tipo de benefício ou recompensa por conta da doação.
Além disso, é preciso que o doador faça diversos exames para ter certeza de que os rins estão apresentando bom funcionamento e que não há nenhuma doença que possa ser transmitida para o receptor. Também é preciso que exista compatibilidade sanguínea entre eles.
Como dito, o transplante renal é um procedimento recomendado para os casos em que o indivíduo apresenta insuficiência renal crônica avançada. Esse problema não pode ser revertido, sendo assim, uma das maneiras de substituir a sua função é por meio da realização do transplante para receber um órgão novo ou diálise.
O médico nefrologista é quem faz a indicação do transplante de rim para o paciente. Ele também acompanha todo o processo de preparação, como a escolha do doador vivo, entre outros procedimentos necessários para que a cirurgia seja um sucesso.
Embora pacientes com insuficiência renal crônica geralmente realizem sessões de diálise, esse não é um pré-requisito para fazer o transplante renal. O doente renal crônico também pode realizar o tratamento conservador enquanto os seus rins estão funcionando. Dessa forma, o médico nefrologista consegue programar o melhor momento para realizar o transplante de rim, principalmente se o paciente tiver um doador vivo.
Para realizar o transplante renal o paciente passa pelo período de preparação enquanto aguarda sua vez na lista de espera de um doador cadáver, ou enquanto aguarda a finalização da avaliação de um potencial doador vivo.
São realizadas uma série de análises e exames para verificar a viabilidade da cirurgia e se o paciente tem condições de ser submetido a ela, além de também tolerar a terapia realizada para evitar a rejeição do rim que será doado.
Uma vez concluída essa fase pré-transplante, para realizar a cirurgia o paciente é internado e, em caso de doador vivo, ele também faz a internação, pois as cirurgias serão realizadas de forma simultânea.
O novo órgão é posicionado na porção inferior do abdômen. Nos primeiros dias após o transplante, é necessário usar uma sonda na bexiga.
Os cuidados devem ser mantidos após o transplante para garantir que o organismo não rejeite o órgão recebido. É essencial continuar com as consultas médicas e também tomar corretamente a medicação que ajuda a evitar a rejeição. Esse medicamento é necessário ao longo de toda a vida.
É muito importante ressaltar que o rim doado também pode desenvolver problemas, por isso, ele não dura para sempre. De toda forma, existem pacientes cujos rins transplantados funcionam por mais de 30 anos.
As características da pessoa podem influenciar esse tempo de funcionamento do rim, assim como os cuidados que ela adota com a administração da medicação e com seus próprios hábitos para manter o bom funcionamento do organismo.
Referências:
Transplantation. 2020 Apr;104(4):708-714.
Summary of the Kidney Disease: Improving Global Outcomes (KDIGO) Clinical Practice Guideline on the Evaluation and Management of Candidates for Kidney Transplantation
Clin J Am Soc Nephrol. 2015 Sep 4;10(9):1656-7. doi: 10.2215/CJN.00800115. Epub 2015 Aug 14.
Living Donor Kidney Transplantation: Best Practices in Live Kidney Donation–Recommendations from a Consensus Conference