Recebi o diagnóstico de cristais na urina. O que fazer?

Tempo de leitura: 3 min.
atualizado em 29/11/2022
Sumário

Antes de responder à pergunta, precisamos saber o que são cristais na urina.

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Os cristais na urina consistem em elementos que podem dar origem aos famosos cálculos renais! Quando produzidos em grande quantidade acabam sendo filtrados no rim e podem ser encontrados na urina.

Os cálculos renais consistem em uma condição comum e dolorosa. Um cálculo renal pode se formar a partir da cristalização de fatores litogênicos (formadores de cálculos) no trato urinário superior, ou seja, nos rins, e se deslocar para o ureter (canal que leva a urina dos rins à bexiga), quando causa obstrução e consequentemente cólica renal.

Há vários tipos de cálculos renais e é importante identificar qual é para determinar o tratamento ideal. Os mais comuns são os cálculos de cristais de oxalato de cálcio seguidos dos cálculos de fosfato de cálcio, cálculos de ácido úrico, cálculos de estruvita e cálculos de cistina.

O deslocamento do cálculo renal dos rins para o ureter pode causar uma dor de intensidade muito forte, o que chamamos de cólica renal. Sua dor é considerada como uma das piores de se sentir. Por isso, o controle dos sintomas é crucial para os pacientes!

Ainda, após a melhora da condição, é essencial adotar medidas de prevenção de novos casos de cálculo renal, pois as taxas de recidiva são altas.

E como se formam esses cristais?

Os cristais na urina se formam a partir da supersaturação de determinadas substâncias, que ocorre quando a concentração das mesmas ultrapassa sua solubilidade na urina.

Porém, mesmo que a urina na maioria das pessoas esteja supersaturada com um ou mais tipos de cristais, há inibidores de cristalização que impedem a formação contínua desses elementos. 

Por exemplo, o principal inibidor da formação de cálculos de cristais de cálcio é o citrato urinário

Estudos demonstram que o processo de formação de cristais e cálculos renais pode começar anos antes da identificação de algum destes elementos.

Se há inibidores da formação de cristais na maioria das pessoas, quem possui maior risco de desenvolver?

Os principais fatores de risco para formação de cristais e cálculos renais estão classificados como fatores associados à alimentação, não associados à alimentação e associados à urina.

Fatores associados à alimentação

Entre os fatores de risco associados à alimentação para o desenvolvimento de cristais estão proteína animal, oxalato, sódio, sacarose e frutose. Já os fatores associados à alimentação que levam a uma diminuição do risco de desenvolver cristais estão cálcio, potássio e citrato.

Apesar de antigamente se suspeitar de que o grande consumo de cálcio aumentava o risco de cristais e cálculos renais, estudos demonstraram que ele está relacionado a um menor risco de formação de cálculos! 

Isso ocorre porque com a ingesta de cálcio há uma diminuição da absorção intestinal de oxalato proveniente da alimentação, o que resulta em um nível mais baixo de oxalato na urina, que é um causador de cristais.

Fatores não associados à alimentação

Entre os fatores de risco não associados à alimentação estão sexo masculino, meia-idade, ganho de peso e redução do volume da urina, como pode ocorrer devido a trabalhar em ambiente quente e/ou não ter acesso à água ou banheiro facilmente.

Fatores urinários

Entre os fatores de risco urinários estão o volume da urina, que quando diminuído pode gerar maiores concentrações de fatores litogênicos (formadores de cálculos); grandes concentrações de cálcio, ácido úrico e oxalato urinário; e menores concentrações de citrato urinário. Entre outros fatores estão o pH urinário e a genética.

Como amenizar os sintomas de cristais na urina?

No geral, os cristais na urina em pequenas quantidades não geram sintomas, mas se deve estar alerta para a prevenir a formação de cálculos, que causam muitos sintomas quando se deslocam no trato urinário. Porém, quando em grandes quantidades, os cristais podem causar alteração na cor da urina, dificuldade para urinar e até dor abdominal. 

Nesse caso, é importante consultar com o nefrologista para iniciar uma investigação e instituir o tratamento dos sintomas, caso estes estejam presentes. Exames complementares poderão ser solicitados para analisar a função renal e a urina. Assim como o uso de analgésicos e/ou antibióticos para tratamento da dor e evitar infecções.

O principal passo para evitar a formação de cálculos renais é abordar sintomas urinários sempre que presentes e tomar medidas para redução do risco, como alimentação balanceada, ingestão de água, reduzir o consumo de sódio e evitar o sedentarismo.

Na presença de cálculos renais, a dor deve ser abordada e tratada corretamente para amenizar o sofrimento do paciente e para definição das medidas resolutivas. 

O cálculo renal pode ser eliminado espontaneamente através da urina. Porém algumas vezes, cálculos maiores ou pacientes que possuem afilamentos de alguma região do ureter podem precisar de intervenção cirúrgica.

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Dra-Sara-Mohrbacher-CRM-146577
Dra. Sara Mohrbacher
CRM: 146577 |
RQE: 69465 - Clínica médica | 69466 - Nefrologia
Especialista em Nefrologia e Clínica Médica

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Atualizado em: 29/11/2022
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